sábado, 30 de maio de 2009




De que me valem?

De que me valem o jardim todo florido e milhares de borboletas cada uma de cor mais linda se não tenho aquela multicolorida com as cores do arco-íris que me visitava e alegrava mesmo quando meu jardim era apenas um deserto seco e sem vida?

São José dos Campos, 16/08/2008

Renato Zecca

sexta-feira, 29 de maio de 2009

"Quando tudo está perdido, o futuro permanece."

Christian Bovee





















" Felicidade se acha é em horinhas de descuido."

João Guimarães Rosa

quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Se tomardes a vida com excessiva severidade,
que atração ela terá?
Se a manhã não vos convidar a novas alegrias,
e se à noite não esperardes nenhum prazer,
valerá a pena vestir-se e despir-se?"



Johann Wolfgang von Goethe

quarta-feira, 27 de maio de 2009

















"Até não termos a coragem de perder de vista a margem durante algum tempo, não descobriremos novas terras."

André Gide

Celia Piovesan - Ficar de novo pequenina

Olhando as crianças brincando
Comecei a pensar
Talvez quando eu era criança
Adulta eu queria ficar...
E mil lembranças
Voltam em minha mente
De quando eu era pequenina
Uma criança somente.....
Muitas recordações...
Dias felizes....as emoções
E ate das tristezas
Que um dia tive....
Sera mesmo que aproveitei?
Sera que eu valorizei?
A grandeza......a alegria..
Aquela vivencia em plena "folia"?
Sera que o adulto eu analisei?
Sera que eu acreditei?
Que tudo seria melhor quando eu crescesse?
E adulta eu fiquei!!!!!
E hoje quero confessar
Que a infância me fascina...
E que eu daria tudo....
Pra ficar de novo pequenina!


Sigur Ros - Glósóli (Director: Arni & Kinski)

Dança, bailarina, dança... - Carmen Lúcia Carvalho de Souza

Dança, bailarina, dança... Põe nos teus passos toda a harmonia
E toda a poesia
nas pontas de teus pés
Em gestos nobres, faze surgir a fé!!!


Gira,bailarina,gira...
Vai girando e semeando amor,
Mais depressa que as voltas do mundo,
Pra que haja tempo
de matar a dor!

Baila,bailarina,baila...
Traze contigo a primavera
Pra florir os campos, florescendo a Terra,
Numa explosão de cores que tua dança encerra.


Faze de tua arte uma suave prece
Capaz de enternecer os corações de pedra
Faze tua música soar tão alto
Calando assim os estopins da guerra!!!

Mostra ao Homem que o teu bailado
Expressa a vida nesse simples ato...
Onde o amor é tudo, onde o amor é nato.


Que em teus saltos ponhas tua garra
Seguindo sempre a luz de teu clarão,
Quebrando muros para unir os povos
Num universo único,onde se dêem as mãos.

Abre tua alma,no esplendor da dança...
Não desistas nunca e verás, enfim,
Bailar no campo, doce e cálida esperança,
Em meio às flores de um lindo jardim...



Kings Of Convenience - I'D Rather Dance With You


Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 26 de maio de 2009



Um amigo é fruto de uma escolha.
É uma opção de amor.
É a descoberta da alma irmã.
É a consciência clara e permanente de algo sublime
que não está na natureza das coisas perecíveis.
É um tesouro sem preço, um gostar sem distância
de alguém presente em nosso caminho,
nas horas de dúvida, de alegria, de sofrimento.
É algo valioso demais para ser desconsiderado,
grande demais para ser perdido,
importante demais para ser esquecido.”

Antoine Saint Exupéry

(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.


Cecilia Meireles

Trem de Ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vaou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)

                                        (Manuel Bandeira)


Bom mesmo - Charles Chaplin



Bom mesmo é ir a luta com determinação,

abraçar a vida e viver com paixão,

perder com classe e viver com ousadia,

pois o triunfo pertence a quem se atreve...

e a vida é muito para ser insignificante.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Não há vagas - Ferreira Gullar

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

domingo, 24 de maio de 2009




Consideração do poema

Já agora te sigo a toda parte, e te desejo e te perco, estou completo, me destino, me faço tão sublime, tão natural e cheio de segredos,
tão firme, tão fiel...
Tal uma lâmina, o povo,
meu poema, te atravessa.


Carlos Drummond de Andrade
INVITATION AU VOYAGE

Se cada um de vós, ó vós outros da televisão- vós que viajais inertescomo defuntos num caixão –se cada um de vós abrisse um livro de poemas…faria uma verdadeira viagem…
Num livro de poemas se descobre de tudo, de tudo mesmo!
Inclusive o amor e outras novidades.

Mario Quintana

sábado, 23 de maio de 2009

No meio do caminho


















No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 22 de maio de 2009


A Q U A R E L A

Vinícius de Moraes e Toquinho
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu

Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul

Vou com ela viajando o Havaí, Pequim ou Istambul

Pinto um barco à vela branco navegando

é tanto céu e mar num beijo azul

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar

Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser
Ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra eu consigo passar num segundo
giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
e depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim ...
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo ...
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo ...
Giro um simples compasso
e num círculo eu faço o mundo ...
Que descolorirá ...

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

                             (Manuel Bandeira )

José - Carlos Drummond de Andrade


E agora, José?

A festa acabou, a luz apagou,

o povo sumiu, a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que é sem nome,

que zomba dos outros,

você que faz versos,

que ama, protesta?

e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber,

já não pode fumar,

cuspir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

o bonde não veio,

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, José?

E agora, José?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua biblioteca,

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio – e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocassea valsa vienense,

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse...Mas você não morre,

você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, José!

José, para onde?

quinta-feira, 21 de maio de 2009


Tocando em frente
(Almir Sater e Renato Teixeira)

Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais...

Hoje me sinto mais forte,
mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei,
ou nada sei..

Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
compreender a marcha ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
levando a boiada eu vou tocando os dias
pela longa estrada eu vou,
estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia,
todo mundo chora
um dia a gente chega
no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz

Conhecer as manhas e as manhãs
o sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz ...

Se ...
(Mahatma Ghandi)

"Se eu pudesse deixar algum presente para você,

deixaria aceso o sentimento

de amar a vida dos seres humanos,

a consciência de aprender

tudo o que foi ensinado pelo tempo afora ...

Lembraria os erros que foram cometidos,

para que não mais se repetissem.

A capacidade de escolher novos rumos.

Deixaria para você, se pudesse,

o respeito àquilo que é indispensável:

além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação.

E, quando tudo mais faltasse, um segredo:

o de buscar em Deus,

e no interior de si mesmo,

a resposta e a força para encontrar a saída."



Vício na fala - Oswald de Andrade




Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

quarta-feira, 20 de maio de 2009


"A gente não faz amigos, reconhece-os."


Coração De Estudante - Milton Nascimento


Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Tantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, plantas, sentimento
Folha, coração, juventude e fé


O mundo estava no rosto da amada e logo converteu-se em nada,
em mundo fora do alcance, mundo-além.
Por que não o bebi quando o encontrei no rosto amado,um mundo à mão,
ali,aroma em minha boca, eu só seu rei?
Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
Mas eu também estava pleno demundo e, bebendo, eu mesmo transbordei.

Rainer Maria Rilke
Tradução: Augusto de Campos
Liberdade
( Fernando Pessoa)


Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...










"Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão... eu passarinho!"


Mário Quintana - Poeminha do Contra

Porquinho-da-Índia - Manuel Bandeira


Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.

Que dor de coração me dava

Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

Levava ele prá sala

Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos

Ele não gostava:

Queria era estar debaixo do fogão.

Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

terça-feira, 19 de maio de 2009



"Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim
e elas virão até você."


Mário Quintana

Todo o sentimento


Todo o sentimento

Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu

Cristóvão Bastos
Chico Buarque de Holanda

SONETO DO DESMANTELO AZUL - Carlos Pena Filho







Então, pintei de azul os meus sapatos por não poder de azul pintar as ruas,depois,vesti meus gestos insensatos e colori as minhas mãos e as tuas.Para extinguir em nós o azul ausente e aprisionar no azul as coisas gratas,enfim, nós derramamos simplesmente azul sobre os vestidos e as gravatas.E afogados em nós, nem nos lembramos que no excesso que havia em nosso espaço pudesse haver de azul também cansaço.E perdidos de azul nos contemplamose vimos que entre nós nascia um sul vertiginosamente azul. Azul.


Carlos Pena Filho

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